Os esteróis em produtos cárneos potencialmente funcionais
Domingos, Suzi Paula Rabadão
2008
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A função dos laboratórios clínicos é fornecer informações para decisões médicas no tratamento de doentes.
Essa informação deve ser tão correta quanto possível,
e o erro associado limitado a valores aceitáveis tendo
em conta o uso médico pretendido. O estabelecimento
de limites de erro ou especificações de qualidade
analítica baseia-se na hierarquia de consenso definida
em Estocolmo (1999). Os laboratórios devem ter como
meta a definição de especificações a partir de modelos
mais elevados na hierarquia, sempre que existam dados
disponíveis, e o desempenho atual dos métodos o
permita. A qualidade dos processos de medição pode
ser avaliada através da métrica Sigma.
Today, laboratories are very much different than
they were decades ago. They have improved
instruments to work with, multiple off-site collection
points, more competent personnel, a greater analyte
panel and quality requirements for those analytes.
Nevertheless, sample quality has to be assured along
the total testing process (TTP) in order to guarantee
reliable results to the patient. In routine coagulation,
prothrombin time (PT), activated partial thromboplastin
time (APTT), fibrinogen (Fbg) and D-dimer are
the essential part of the test panel, for which new
evidences about sample quality requirements have
been presented in recent years.
Introduction: Acquired AmpC beta-lactamases (qAmpC) which confer resistance to cephamycins and reduced susceptibility to extended-spectrum cephalosporins and β-lactamase inhibitors have increasingly been recognized as an emerging problem worldwide. qAmpCs enzymes are grouped according to the DNA sequence similarity with natural chromosomal AmpCs of some Enterobacteriaceae species, namely C. freundii (CMY-2-like, LAT-1, CFE-1), Enterobacter spp. (ACT-1-like, MIR-1-like), M. morgannii (DHA-1-like) and H. alvei (ACC-1-like), and with Aeromonas spp. (CMY-1-like, FOX-1-like, MOX-1-like). Isolates harbouring qAmpCs are usually multirresistant, and inappropriate empirical therapy is associated with high mortality ratios in invasive infections.
Objectives: Estimate the worldwide prevalence and distribution of qAmpC types.
Methods: We conducted a literature review on pertinent articles published between 2000 and 2011 on qAmpC detection and prevalence in Enterobacteriaceae lacking inducible AmpC [E. coli (EC), K. pneumoniae (KP), K. oxytoca (KO), P. mirabilis (PM) and Salmonella spp. (SM)] isolated from human infections. Estimated relative frequencies were calculated for qAmpC types detected in each country with relevant articles.
Results: A total of 26 relevant studies from 21 countries on qAmpC epidemiology were retrieved, comprising 216648 isolates (182573 EC, 18858 KP, 8117 SM, 2340 PM, and 2278 KO). qAmpCs were detected in all but one study from Brazil, being the worldwide overall prevalence 0.55% (1194/216648, or 5.5 qAmpC producers per 1000 isolates). Countries with higher prevalence were China (4%), South Korea (3.5%), Portugal (3%) and Poland (3%), and the lowest were observed in Brazil (0%), Japan (0.08%), Switzerland (0.16%) and Belgium (0.16%). The overall species specific prevalence was 4.1%, 3.5%, 1.4%, 0.5% and 0.2% in SM, PM, KP, KO, and EC respectively. China presented the higher prevalence for KP (7%) and KO (3%), Thailand for EC (2%), while for PM and SM it was Poland (20.5%) and Mexico (7.7%), respectively. Globally, the main qAmpC variants detected were CMY-2 (53.1%), DHA-1 (30.6%) and CMY-2-like (11.7%). CMY-2 was predominantly present in EC, PM and SM isolates while DHA-1 was detected mostly among KP and KO. In countries like South Korea, China, and Portugal DHA-1 is the dominant variant, while in North America, Norway, Danmark, Tailand, Japan, Algeria and Spain is CMY-2.
Conclusion: Although qAmpC prevalence is globally low, the results suggest that it is rising. This study also demonstrates that CMY-2 is the most prevalent qAmpC followed by DHA-1. Future studies are needed in order to monitor the spread of this emerging resistance mechanism.
Durante a última década tem-se verificado um aumento das taxas de resistência antimicrobiana dos principais agentes patogénicos, sobretudo em bactérias de gram negativo (K. pneumoniae, E. coli e P. aeruginosa). Infeções complicadas por isolados multirresistentes
(MDR), extremamente resistentes (XDR) e completamente resistentes (PDR - Pandrug-resistant) são cada vez mais frequentes, e por isso difíceis de tratar. O consumo exagerado e inapropriado de antibióticos tanto na medicina humana como animal tem sido reconhecido como uma das origens do problema, constituindo um importante fator de pressão seletiva conducente à emergência e disseminação de bactérias resistentes e/ou genes de resistência aos antibióticos.O impacto clínico da resistência antimicrobiana requer o estudo dos mecanismos implicados de modo a contribuir para uma adequação rápida e dirigida do tratamento assim como para o seguimento e controlo epidemiológico. O laboratório de microbiologia representa portanto um papel de vital importância.
Foi objectivo deste estudo determinar a frequência de
isolados de E. coli produtores de β-lactamases de largo
espectro (ESBLs) tanto em infecções nosocomiais como da
comunidade, e avaliar a susceptibilidade aos antibióticos
entre as estirpes produtoras e não produtoras de ESBLs. Dos
131 isolados investigados apenas 9 (6.8%) se enquadraram
nos critérios definidos pelo CLSI para screening de ESBLs,
e a sua presença foi confirmada por Etest ESBL. Estes
isolados provieram maioritariamente de infecções da
comunidade em doentes com idade avançada e história de
hospitalização prévia. A maioria (66.6%) mostrou resistência
simultânea aos β-lactâmicos estudados, às quinolonas e aos
aminoglicosídeos.
We investigated the occurrence, diversity and molecular epidemiology of genes coding for acquired AmpC β-lactamases (qAmpC) among clinical isolates of Enterobacteriaceae lacking inducible chromosomal AmpCs in Portugal. A total of 675 isolates non-susceptible to broad-spectrum cephalosporins obtained from four hospitals and three community laboratories during a 7-year period (2002-2008) were analysed. The presence of genes coding for qAmpC was investigated by phenotypic criteria, polymerase chain reaction (PCR) and sequencing. Bacterial identification, antibiotic susceptibility testing, conjugation assays and clonal analysis were performed by standard procedures. The presence of bla qAmpC genes was detected in 50 % (50/100; 41 Klebsiella pneumoniae, 5 Escherichia coli, 4 Klebsiella oxytoca) of the presumptive qAmpC producers. DHA-1, detected in those species, was the most prevalent qAmpC (94 %, 47/50), being identified since 2003 and throughout the studied period in different institutions. Despite the high clonal diversity observed, three DHA-1-producing Klebsiella spp. clones were more frequently identified. CMY-2 (6 %, 3/50) was observed in B1-E. coli clones. Conjugative transfer was only observed in one (2 %) CMY-2-producing isolate. Most qAmpC producers (94 %, 47/50) co-expressed SHV-type and/or OXA-1 or CTX-M-32 extended-spectrum β-lactamases (ESBLs). To the authors' knowledge, this is the first description of the molecular epidemiology and the long-term dissemination of qAmpC-producing Enterobacteriaceae in Portuguese clinical settings, highlighting an evolution towards a more complex epidemiological situation regarding cephalosporin resistance in Portugal.
É sabido que num mesmo país a prevalência de S. aureus
meticilina-resistentes (SAMR) varia substancialmente
de um hospital para outro. De modo a compreender a
epidemiologia e a resistência aos antibióticos dos isolados
SAMR no Hospital S. Teotónio – Viseu, conduzimos um
estudo retrospectivo (2000-2001) através da análise da
base de dados do laboratório (MODULAB IZASA), que
permite obter dados demográficos acerca dos pacientes,
e padrões de resistência dos isolados de S. aureus. A
identificação das estirpes foi efectuada com o sistema Vitek
(bioMérieux, Marcy L’étoile, France) e galerias BBL+
(Beckton Dickinson, Cockeysville, Maryland, USA). Para
a susceptibilidade antimicrobiana recorreu-se ao sistema
Vitek e ao método de difusão de disco (Kirby-Bauer).
Foram seguidas as guidelines interpretativas da NCCLS.
Do total de 300 isolados de S. aureus estudados, 110 (37%)
provieram de exsudados purulentos, 109 (36.1%) do tracto
respiratório, 52 (17.3%) de sangue e 16 (5.3%) de pontas
de catéter. A resistência global à meticilina foi de 46.7%
(140/300). As amostras mais comuns a partir das quais se
isolaram SAMR foram as secreções respiratórias (54.2%),
seguidas pelos exsudatos purulentos (24.2%), hemoculturas
(12.1%) e pontas de catéter (7.1%). Nos isolados invasivos a
resistência à meticilina foi de 32.7%. As taxas de resistência
dos SAMR a outros antibióticos foram as seguintes: 96.3%
resistentes à ciprofloxacina, 92.7% à eritromicina, 91.7% à
gentamicina, 86.3% à tetraciclina, 75% ao trimethoprimsulfamethoxazole
e 54.8% à clindamicina. A taxa de
multirresistência foi de 87%. Os isolados SAMR exibem altos
níveis de resistência à maioria dos antibióticos, excepto à
teicoplanina e vancomicina, que continuam a ser as principais armas terapêuticas nas infecções por SAMR, apesar do
uso substancial de glicopéptidos ao longo de muitos anos.
Concluímos que a prevalência de isolados SAMR é elevada
(46.7%) no Hospital S. Teotónio, o que se correlaciona com
um estudo anterior de hospitais portugueses (48-50%), e
com resultados de países mediterrâneos como Espanha,
Itália e França (30-50%). Contudo, contrasta fortemente
com os países do norte da Europa como Alemanha, Suécia,
Holanda e Dinamarca (<5%). Estes dados serão úteis para a
nossa comissão de controlo da infecção.
As bactérias do género Acinetobacter são importantes
agentes de infeções nosocomiais, revelando
frequentemente elevadas taxas de resistência aos
principais grupos de antibióticos. Avaliar a evolução do número de isolados de
Acinetobacter spp. assim como o tipo ou local
de infeção. Analisar a evolução dos perfis de
suscetibilidade aos antibióticos testados, comparando-os ao longo do tempo e entre diferentes serviços
hospitalares. Efetuou-se um estudo observacional, descritivo transversal
e retrospetivo da epidemiologia e suscetibilidade
aos antibióticos em isolados clínicos humanos de
A. baumannii e do complexo A. baumannii-A. calcoaceticus
(ABC). Estudou-se apenas o primeiro isolado
obtido de cada paciente internado nos diversos serviços
do Hospital de S. Teotónio em 3 períodos (P1 –
Julho 2007 a Junho 2008; P2 – Julho 2008 a Junho
2009; P3 – Julho 2009 a Março 2010). A identificação
e os testes de suscetibilidade aos antibióticos foram realizados
através de metodologia convencional usando
critérios CLSI, excetuando a tigeciclina (BSAC). Os
isolados com suscetibilidade intermédia foram considerados
como resistentes. Para avaliar as diferenças
entre variáveis foi utilizado o teste X2. Foram identificados 85 isolados (P1 – n=30; P2 – n=36;
P3 – n=19) de Acinetobacter spp., sendo 71,8% A.
baumannii e 28,2% do complexo ABC. A idade média dos pacientes foi de 69.35 ±17.37 anos, dos quais 64%
(n=54) eram do sexo masculino, verificando-se 40% dos
casos entre os 73-84 anos. O mês de Agosto apresentou
o maior número de casos (n=15, 18%), enquanto o
menor se verificou em Junho (n=1, 1.2%). Os isolados
foram obtidos maioritariamente a partir dos doentes
internados nos serviços de Medicina (33,0%) e UCIP
(14,1%) e de amostras das vias respiratórias (44,7%),
urina (23,5%) e exsudados purulentos (21,2%). Não se
observaram diferenças significativas na suscetibilidade
entre os isolados de A. baumannii e do complexo ABC.
Em Acinetobacter spp. as taxas de suscetibilidade para
amicacina, tobramicina, gentamicina, imipenemo,
merepenemo, ceftazidima e ciprofloxacina foram
respetivamente de 85,9%, 60,2%, 34,7%, 25,3%,
24,7%, 24,7% e 21,2%. Não se verificaram alterações
significativas na suscetibilidade em Acinetobacter spp., com exceção da amicacina em A. baumannii cuja
diminuição foi de 95.2% para 64.3% (p=0,039) e da
gentamicina, onde ouve um aumento de 14,3% para
36,1% (p=0,007). Nos serviços de Cirurgia e Hospital
de Tondela observaram-se taxas de resistência de
100% para os carbapenemos, ceftriaxona, piperacilina/
tazobactam e ciprofloxacina. Dos 85 isolados 80%
(n=68) apresentaram perfil de multirresistência. Não ocorreu aumento significativo do número de
isolados em termos anuais. Com exceção da amicacina
as taxas de resistência observadas para a maioria dos
antibióticos são elevadas, destacando-se o significativo
número de isolados multirresistentes, o que está de
acordo com a literatura.